Como elaborar um Projecto - Dica
ESTRUTURA BÁSICA DE UM PROJECTO TÉCNICO
A
seguir, descreve-se uma estrutura básica que poderá servir como guia quando da
elaboração de um projecto técnico ou, como quiser, um projecto de acção.
Trata-se da descrição de um roteiro completo, seguindo mais ou menos as
exigências dos agentes financiadores, embora, cada uma destas agências tenha
modelo ou formulário próprio.
Estrutura básica
1.
Folha
de apresentação
1.1 Nome
do projecto;
1.2 Instituição
responsável e sua logomarca;
1.3 Instituições
envolvidas e suas logomarcas;
1.4 Equipe
responsável;
1.5 Local
e data.
2. Título
2.1 Ter
presente que o título será muito importante para vender o projecto e deve
provocar
aquele primeiro interesse pelo mesmo;
2.2 Ter
uma sigla - sonora, concisa, objectiva e que reflicta a ideia geral do projecto;
2.3 Não
deve ser extenso em demasia; porém, claro, coerente e consistente.
3. Introdução
3.1 Deverá
dar uma ideia sucinta do conjunto do projecto (de onde surgiu a ideia, quais as
intenções do trabalho, como foi organizado ...);
3.2 Evitar
textos maiores que uma ou duas páginas;
3.3 Assegurar
que seja uma espécie de “cartão de apresentação”;
3.4 Deverá
suscitar interesse para que o leitor (consultor) analise o restante do projecto.
4. Proponente
4.1 Descrever
a instituição, empresa ou organização responsável pelo projecto;
4.2 Fornecer
os dados técnicos da mesma, tais como: nome, endereço completo, dados jurídicos
(CNPJ, Inscrição Estadual, Municipal);
4.3 Inserir
a logo, se existir;
4.4 Indicar
as parcerias envolvidas com o projecto (reais e não as prováveis); se
existirem, colocar os dados e logomarcas das respectivas organizações
parceiras.
5. Equipe
do projecto
5.1 Descrever,
objectivamente, a equipe que elaborou o projecto e a equipe que deverá
acompanhar o processo: equipe técnica, operacional e de apoio disponível;
5.2 Inserir
um currículo resumido de cada profissional envolvido (será importante para dar
fundamentação técnica e segurança aos financiadores);
5.3 Indicar
o coordenador ou responsável pelo projecto, sendo importante ter uma “regra
dois” para a coordenação – indicar quem assume se o coordenador/responsável
sair;
5.4 Ter
uma coordenação “de peso” é importante (profissional reconhecido);
5.5 Descrever
a estrutura disponível e a capacidade institucional para abrigar o projecto;
5.6 Descrever
a capacidade técnica, física e operacional (instalada) do proponente, sua
organização, planeamento, logística e recursos a serem utilizados;
5.7 Prever
todos os recursos técnicos, materiais e físicos necessários à execução, porém,
não comprometer recursos indisponíveis.
6. Contexto
do projecto
6.1 Elaborar
um diagnóstico da situação envolvida, de forma focada e sucinta;
6.2 Assegurar
que o projecto parta de uma realidade e necessidade comprovada;
6.3 Ter
dados reais da situação, com um retracto histórico e actual;
6.4 Descrever
a contribuição dos beneficiários na elaboração do projecto.
7. Objectivos
7.1 Geral
7.1.1 O
objectivo deve ser claro, coerente e sucinto para dizer o que o projecto quer;
7.1.2 Deve
reflectir a razão de ser do projecto, podendo ser abrangente;
7.1.3 Deve
estar ajustado às normas dos financiadores - muitas instituições buscam
palavras-chaves no texto do projecto (sustentabilidade, desenvolvimento social,
impacto ambiental / social, geração de emprego, taxa de retorno financeiro, etc.).
7.2 Específicos
7.2.1 Os
objectivos específicos devem estar bem relacionados com o título, com o
contexto do projecto e com o objectivo geral, mantendo o foco;
7.2.2 Utilizar
verbos de acordo com a linguagem do financiador – infinitivo, particípio
passado, gerúndio;
7.2.3 Redigir
de forma clara o que se quer atingir, indicando os benefícios desejados para o
público e área envolvida.
7.3 Resultados
desejados
7.3.1 Indicar
quais os resultados que se quer alcançar, concretamente, ao final do projecto;
7.3.2 Descrever
os possíveis efeitos e impactos que o projecto pretende produzir;
7.3.3 Quantificar
os objectivos tentando dar uma dimensão para os mesmos – apresentar os
indicadores que podem ser uma boa medida para considerar que os objectivos
foram alcançados;
7.3.4 Ser
realista e manter coerência com os objectivos propostos.
8. Justificativas
8.1 O projecto deve estar baseado em uma
justificativa absolutamente coerente, que fundamente a sua razão de ser;
8.2 Não
deverá haver dúvida do por quê do projecto, o fim a que se destina, devendo
convencer da necessidade e relevância dos objectivos propostos;
8.3 Deixar
clara a sua contribuição social, ambiental, cultural, etc.;
8.4 Projectos
sem uma boa justificativa geralmente são rejeitados - uma análise objectiva do
contexto geral e específico poderá ser útil nesta fundamentação.
9. Revisão
Bibliográfica
9.1 Procurar fundamentar teórica e tecnicamente o projecto;
9.2 Atenção
às normas técnicas para as citações e referências, organização de quadros e
tabelas, inserção de notas;
9.3 O
número de páginas depende das possíveis regras da instituição financiadora, da
amplitude do tema e da objectividade;
9.4 Cuidado
para não ser longa demais e conter informações que pouco interessam aos objectivos
do projecto;
9.5 Eventualmente,
de acordo com as orientações do agente financiador, a revisão de literatura
poderá ter outro título (fundamentação teórica, marco teórico, marco técnico ou
outro) ou fazer parte de outra seção do trabalho.
10. Público-alvo
10.1
Delimitar
o público envolvido e descrever os beneficiários directos e indirectos,
indicando-os também quantitativamente, se possível (comunidades, grupos,
pessoas, etc.);
10.2
Essa descrição deve ser realista e
coerente com a proposta e estratégia do projecto.
11. Estratégia
do projecto (actividades)
11.1
Descrever
os meios e as acções que serão utilizados para assegurar o êxito do projecto;
11.2
Relacionar uma ou mais acções (o que
fazer?) para cada objectivo específico com suas respectivas metodologias (como
será realizado?);
11.3
Podem ser descritas a partir de um plano
operacional (marco operacional) do projecto;
11.4
Estabelecer parcerias e políticas de actuação,
com as possíveis alianças para a viabilização do processo;
11.5
Adequar a estratégia do projecto às linhas
do financiador;
11.6
Não queimar etapas – as acções devem ser
necessárias e suficientes para assegurar os objectivos pretendidos, mostrando
coerência no texto;
11.7
Prever acções para minimizar possíveis
resistências ao projecto.
12. Metodologia
12.1
Definir
uma proposta metodológica a ser utilizada pelo projecto, descrevendo:
12.1.1 Como
o projecto será desenvolvido;
12.1.2 Qual
a dinâmica de implementação;
12.1.3 Como
ele será operacionalizado;
12.1.4 Quais
os instrumentos de execução;
12.1.5 Qual
a forma de condução;
12.1.6 Utilizar
uma metodologia adequada ao público beneficiário, à instituição proponente e às
instituições apoiadoras;
12.1.7 Descrever,
sequencialmente, o passo a passo do desenvolvimento do projecto.
13. Premissas
e análise de risco
13.1
Analisar
os riscos para o desenvolvimento do projecto, fazendo a sua previsão e
observando as ameaças internas e externa:
13.2
Análise de viabilidade – factores de
controle interno
13.2.1 Descrever
os elementos que asseguram a viabilidade do projecto;
13.2.2 Realizar
uma análise dos factores de risco internos do projecto.
13.3
Viabilidade política
13.3.1 Assegurar
que o projecto esteja inserido nas políticas e programas governamentais e
institucionais;
13.3.2 Assegurar
que o mesmo obedeça aos aspectos legais vigentes.
13.4
Viabilidade financeira
13.4.1 Quanto
vai custar;
13.4.2 Quem
vai financiar;
13.4.3 Como
será o financiamento.
Obs.:
quando se pleitear um financiamento com o projecto, demonstrar claramente a
viabilidade financeira da acção a ser financiada; mas, também claramente,
demonstrar a viabilidade financeira das demais actividades desenvolvidas que
não são objecto de tal financiamento – isto demonstra que, independentemente da
aprovação ou não do projecto, a instituição será capaz de dar continuidade aos
seus trabalhos.
Se tal questão não ficar esclarecida, normalmente os projectos
são reprovados – nenhum agente financiador aposta em uma instituição que só
desenvolve uma acção ou que todas as acções dependam de um único agente
financiador (dá a impressão que só está interessada no dinheiro).
13.5
Viabilidade técnica
13.5.1 Quem
vai dar o suporte técnico;
13.5.2 Quanto
vai custar tal suporte
13.6
Viabilidade económica
13.6.1 Analisar
se o projecto garante o retorno dos investimentos;
13.6.2 Verificar
se pode ser garantida a sua auto-sustentabilidade.
Obs.:
o retorno do investimento não é medido em termos de cálculo financeiro-contábil
(benefício-custo); mas em termos de eficácia (resultados da acção), eficiência
(custo da acção) e efectividade (solução definitiva do problema). A
auto-sustentabilidade está relacionada à possibilidade de garantir a
continuidade da acção com recursos próprios, independentemente da renovação do
financiamento.
13.7
Viabilidade social
13.7.1 Verificar
se os beneficiários e envolvidos aceitam o projecto;
13.7.2 Analisar
se há sustentabilidade social.
13.8
Viabilidade ambiental
13.8.1 Assegurar
o respeito aos princípios de sustentabilidade ambiental.
13.9
Análise das premissas – factores externos
ao projecto
13.9.1 Analisar
os factores que estão fora do controle do projecto, mas que são importantes
para o seu êxito;
13.9.2 As
premissas podem ser definidas a partir da hierarquia de objectivos;
13.9.3 Formular
as premissas com um enfoque positivo (como superá-las);
13.9.4 Verificar
o grau de importância e qual a probabilidade de ocorrer;
13.9.5 Examinar
se as actividades descritas conduzem directamente aos objectivos específicos,
ou se para isto acontecer, deverá haver um acontecimento adicional externo ao projecto;
13.9.6 Examinar
se os objectivos específicos conduzem directamente ao objectivo do projecto,
verificando se existem algum factor externo ao projecto que possa contribuir ou
impedir de se chegar a este fim.
14. Cronograma
de execução
14.1
Descrever
o período de execução, por fases e acções, especificando o responsável;
14.2
Ajustar o cronograma observando
características regionais, para não ter imprevistos – colheita, chuva, festas,
etc.;
14.3
Definir o calendário sempre com uma margem
de segurança, respeitando a capacidade física, organizacional e financeira da
organização;
14.4
Desenvolver um quadro sintético e de fácil
visualização para facilitar a compreensão das etapas do projecto.
15. Orçamento
físico e financeiro
15.1
Detalhar
os custos e gastos do projecto, mantendo coerência com todas as etapas, com
maior ou menor detalhamento, segundo as exigências do agente financiador;
15.2
Fazer o orçamento com valores realistas,
segundo sua realidade operacional, sem superestimar nem subestimar, segundo
pesquisa de mercado;
15.3
Definir com clareza a contrapartida da
instituição proponente (geralmente salário não é aceito como contrapartida);
15.4
Elaborar o cronograma de desembolso
(bimestral ou trimestral, para projectos curtos de 1 ou 2 anos; semestral ou
anual, para projectos de 2 anos ou mais);
15.5
Especificar as necessidades materiais e de
recursos humanos;
15.6
Organizar as planilhas de custos e
apresentar a memória de cálculo, se solicitado pelo agente financiador;
15.7
Conhecer os itens financiáveis por
instituição.
16. Controle
e avaliação
16.1
Descrever
o sistema de monitoria e avaliação do projecto, demostrando a forma de controle
e acções correctivas;
16.2
Definir pontos de observação, fontes de
verificação, indicadores e a periodicidade da avaliação.
17. Documentação
17.1
Prever
um sistema de documentação para o projecto;
17.2
Definir formas de socializar as
informações do projecto com as instituições cooperantes e envolvidos em geral.
18. Referências
Bibliográficas
18.1
Relacionar
apenas as citadas no projecto, seguindo as normas da ABNT;
18.2
Evitar referências não disponíveis (xerox,
textos, etc.).
19. Resumo
do projecto
19.1
Elaborar
uma síntese do projecto buscando dar uma ideia geral do mesmo ao leitor, antes
de uma leitura mais detalhada.
20. Apresentação
geral
20.1
Providenciar
uma apresentação com uma formatação, layout e configuração básica seguindo as
orientações dos financiadores;
20.2
Ter profissionalismo na redacção e
apresentação (confiabilidade, correcção de linguagem, impessoalidade e bom
visual);
20.3
Assegurar a coerência entre os elementos
do projecto;
20.4
Priorizar textos objectivos e sucintos e,
em alguns casos, um resumo executivo, o que poderá facilitar o trabalho dos
analistas.
Um
forte abraço a todos e bons estudos!!!
Infor.
Autor:
Wadiley Nacimento; Telem. +239 980
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